“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)

Seame: 35 anos de amor à vida humana

Novembro/2016 - Edição 105 - Ano X

“Só o amor muda o que já se fez. E a força da paz junta todos outra vez. Venha, já é hora de acender a chama da vida. E fazer a Terra inteira feliz”. O refrão da música “A Paz”, versão composta por Nando e interpretada pela Banda Roupa Nova – a original “Heal the World” foi composta e interpretada por Michael Jackson – traduz a missão do Seame (Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Socioeducativa), projeto social da Diocese de Piracicaba, administrado pela Pasca (Pastoral do Serviço da Caridade). Em 2016, o Seame completou 35 anos de sua história, uma trajetória que prima pela dedicação, pelo amor, pelo respeito e promoção ao próximo.

Com o objetivo de resgatar e transformar a realidade dos adolescentes de Piracicaba, que na década de 1980 era a segunda cidade do interior paulista com maior número de adolescentes infratores internados na Febem (hoje Fundação Casa), o então bispo diocesano Dom Eduardo Koaik (in memorian) decidiu criar em 1981, o Seame (Serviço de Apoio ao Menor), nome dado à época ao projeto.

A ideia foi abraçada por alguns leigos engajados no trabalho social da Igreja e também pela sociedade civil. A primeira proposta era dar apoio a esses adolescentes infratores e suas famílias, com o objetivo de mudar o quadro estatístico e, o mais importante, oferecer a eles condições para que pudessem encontrar novos rumos, permitindo-lhes uma vida mais digna, transformando o seu futuro.

Muito antes do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) existir (ele foi criado em 1990), a Igreja de Piracicaba já desenvolvia ações de acompanha-mento do adolescente em conflito com a lei e suas famílias. Um trabalho realizado por diversos profissionais de áreas como serviço social e psicologia e principalmente pela ação voluntária de muitas pessoas que acreditavam e acreditam que o chamado “menor infrator”, hoje pelo ECA, “adolescente em conflito com a lei”, precisa de atenção e oportunidade para escrever sua história pautada pelo respeito, amor e dignidade da vida humana.

Hoje, 35 anos depois, o Seame realiza atendimento a adolescentes de 12 a 18 anos autores de ato infracional, que são encaminhados pela Vara da Infância e Juventude da Comarca de Piracicaba, com as medidas socioeducativas de LA (Liberdade Assistida) e PSC (Prestação de Serviços à Comunidade).

Esses adolescentes e seus familiares são atendidos pelos profissionais da entidade, durante um período de seis meses a um ano. O acompanhamento é individual na sede do Seame. Neste espaço o adolescente e também sua família participam de oficinas de Arteterapia, Informática, Alfabetização e Reforço Escolar, Esportes, Artesanato e Empregabilidade. Por meio de parcerias os adolescentes também são orientados a fazer cursos profissionalizantes em Mecânica Automotiva e Corte de Cabelo.

Além do trabalho de acompanhamento dos adolescentes em conflito com a lei, o Seame desenvolve o projeto preventivo “Semente do Futuro”, que tem como objetivo a prevenção de práticas infracionais, condutas socialmente inadequadas e o abandono escolar. Neste projeto são acompanhadas crianças e adolescentes de 10 a 18 anos. Em setembro, 40 crianças e adolescentes foram acompanhados, sendo que a capacidade do projeto é para 50 atendidos.

A assistente social e atual Coordenadora Técnica do Seame, Maria do Carmo Righeto, que trabalha na entidade há 29 anos, conta que a maior recompensa do trabalho desenvolvido pelos profissionais e voluntários da entidade é receber um jovem e até mesmo um adulto para uma visita e receber um abraço e palavras de gratidão por termos transformado a sua vida. “Se não houvesse esperança não estaríamos nessa luta”, lembra Carmo.

Hoje a entidade conta com o trabalho de 16 profissionais nas mais diversas áreas, voluntários e uma diretoria composta por nove membros, tendo como presidente José Luiz Camolesi. A entidade realiza seu trabalho em parceria com o poder público, a Vara da Infância e da Juventude e com os Conselhos Tutelares.


Seame em números

Por ser a única entidade na cidade a realizar este serviço, o Seame atendeu em 35 anos de atividades mais de 5.000 adolescentes e suas famílias. Somente no mês de setembro foram 273 adolescentes.

Dados estatísticos do 1º Semestre de 2016:

Sexo: 90% masculino e 10% feminino
Idade: 60% têm entre 15 e 18 anos
Infração de maior incidência: tráfico, roubo e furto
Situação Escolar: 70% não estudam; 26% estudam e 4% concluíram o Ensino Médio
Trabalho: 76% não trabalham; 18% trabalham informalmente; 6% trabalham com vínculo
Drogas: 63% fazem uso; 23% não usam; 14% já usaram
Reincidência: 70% são primários; 30% reincidentes
Bairros de maior incidência: Bosques do Lenheiro, Jardim Oriente, Algodoal
Tempo de Medidas Socioeducativas: PSC (1 a 3 meses) e LA (6 meses a 1 ano)

 

“Meu futuro sou eu que vou fazer”

Decidido a mudar a trajetória de seu futuro, o jovem de 17 anos que é acompanhado pela orientadora de medidas Ana Luisa Botezelli, faz curso de cabeleireiro e está concluindo o Ensino Médio.

O adolescente que foi preso em flagrante por furto e roubo chegou ao Seame há quatro meses. Ao perceber seus erros se arrependeu e querendo mudança, hoje trabalha como “adolescente aprendiz”, no atendimento ao cliente em uma rede de fast-food. “O Seame mostrou meus erros e está me dando a oportunidade de transformar minha vida, meu futuro”, afirma.

Para Ana, o adolescente está determinado a mudar e até mesmo dá conselhos aos outros jovens no refeitório. É um líder. “Ele é interessado e sedento por aprender, tem um grande futuro”.


Um livro que narra o amor

Lançado no último dia 28 de outubro, na sede da entidade, o livro “Seame: 35 anos de medidas socioeducativas com amor”, escrito pelo artista plástico e professor de arteterapia Cássio Padovani Martins Pereira traça a história da instituição e de sua missão no resgaste da vida de adolescentes que cometeram atos infracionais.

Cássio conta que durante um ano e meio, período que levou para escrever o livro, fez mais de 90 entrevistas com funcionários, ex-funcionários, voluntários, familiares, ex-assistidos e adolescentes que atualmente são acompanhados. “Foi uma grande oportunidade para conhecer melhor a entidade e como as pessoas se dedicam ao projeto, mesmo quem não está diretamente ligado a ele ultimamente”, afirma o autor.

A publicação, que contou com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, é dividida em quatro capítulos e resgata a vida a partir de três olhares: a disciplina, a técnica e o amor. “Para mim foi uma honra escrever sobre o Seame e o legado de Dom Eduardo Koaik”, finaliza Cássio.

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