Neste terceiro Domingo do tempo comum, Jesus continua descortinando a novidade do Reino e a sua proposta plenificadora para todos os nossos relacionamentos e atitudes. Pela Encarnação, Jesus faz acontecer, de uma forma assuntiva, olhares e mudanças no cotidiano, levando a uma verdadeira e radical conversão de vida. Muitas vezes esquecemos que o Evangelho não nos convida a fazer somente coisas extraordinárias, mas tornar extraordinário e heróico o dia a dia, nas suas rotinas e agendas previsíveis e até repetitivas.
Ser capaz, com a graça, de tornar a jornada diária uma aventura criativa perpassada pela alegria de viver e a paixão pelo mundo e as pessoas que nos rodeiam é a nobre e insubstituível missão dos cristãos leigos em seus lares, ambientes, e cenários de atuação. A Carta a Diogneto, do século III, da Era Cristã, apresenta que os seguidores de Jesus e seu caminho, não se diferenciam do resto dos seus compatriotas e concidadãos nem pela profissão, lugar, trabalho ou classe social, mas por comportamentos e atitudes evangélicas marcantes, enquanto os não cristãos açambarcavam os bens e partilhavam as mulheres, cristãos eram fiéis às mulheres e compartilhavam os bens com pobres, além de sempre acolher com alegria os filhos, inclusive os especiais que eram tratados como pequenos Cristos.
É fácil deslumbrar e cativar onde somos desconhecidos e estamos de passagem, o grande desafio é dar um testemunho e ser presença permanente nos lugares habituais, entre nossos amigos e colegas. O Reino se constrói e se recebe como dádiva, na contagem e vivência das tarefas habituais, tendo a coragem e a virtude de buscar a perfeição, a excelência e realização do labor cotidiano, como faina amorosa e serviçal para Deus e aos irmãos. É crucial, no tempo comum, aprender a nos oferecermos como hóstias agradáveis que se sacrificam e se doam para que Jesus Reine e que o mundo pelo nosso trabalho e empenho se torne mais humano, justo e habitável, gerando a unidade da família dos filhos de Deus, na Paz e na concórdia, protegendo e embelezando a Casa Comum, em harmonia com todas as criaturas. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)