Segundo os cientistas políticos, o Brasil está enfrentando na esfera política e econômica a maior crise ética dos últimos 30 anos. O caos veio à tona com o escândalo do “mensalão”, e a torneira se abriu com a operação “lava jato”, considerada a maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da nossa jovem democracia.
Assistimos pela mídia, centenas de políticos e empresários sendo presos como nunca vimos no país, mais um presidente sofrendo impeachment e outro sendo preso, bem como bilhões de reais que foram roubados dos cofres públicos. Sofremos como nação um duro golpe patriótico e social, que desencadeou em milhares de pessoas sem trabalho e vida digna. A democracia e a confiança política foi gravemente ferida, e consequentemente o descrédito para com os políticos aumentou.
Chegamos ao primeiro turno das eleições, momento de exercermos a cidadania e fazermos, através do voto, a nossa parte na reconstrução do Brasil. Sendo assim, depois desse duro golpe que sofremos como nação, precisamos ser resilientes.
O termo resiliência foi usado pela primeira vez no início do século XIX, quando o físico inglês Thomas Young realizou um experimento científico com um material plástico, e o mesmo suportou vários impactos fortes que lhe foram aferidos, o objeto se deformou, porém restaurou-se e voltou a sua forma original. O físico chamou essa ação de “módulo de elasticidade e resiliente”.
No final do século passado os estudos psicológicos passaram a usar o conceito de resiliência para as pessoas e suas ações sociais e políticas. Na ação humana, a resiliência representa a capacidade de se adaptar e evoluir após os momentos de adversidade, tropeços e sofrimentos. Ser resiliente é ter a capacidade de dar a volta por cima, lidando e superando adversidades e transformando experiências negativas em aprendizado.
Todas as sociedades na história da humanidade, bem como os seres humanos já passaram ou passarão por traumas, perdas, rupturas, transformações e desafios. Aquelas classes sociais e pessoas que foram capazes de voltar para si mesmas e se enfrentarem, unindo-se umas com as outras em torno do bem comum e encontraram forças para recuperarem, recomeçarem e se refazerem, podem ser consideradas sociedades e pessoas resilientes. Além disso, a alma resiliente não entra em desespero diante das crises e adversidades, possui o equilíbrio e a paz no enfrentamento de cada situação adversa, e mantém sempre a esperança do retorno ao estado original da vida plena e comum para todos, não pensa apenas em si mesma, mas em todos.
Eis o desafio já para o primeiro turno dessa eleição: ter e resgatar a coragem de mudar as propostas políticas que não deram certo e estão ruins. Devemos votar com resiliência e esperança, apesar da desilusão e da descrença democrática política provocada por políticos corruptos e desonestos, para que o Brasil retome o caminho do crescimento econômico e sustentável, para que milhares de pessoas voltem aos postos de trabalhos e obtenham saúde, educação de qualidade, moradia e segurança.
Para que isso aconteça precisamos votar de forma consciente e cirúrgica. Tivemos um curto período para conhecer a vida política de cada candidato, suas propostas e coligações, eis a hora da escolha e do voto! Respeite as decisões e opiniões dos outros, vote em paz, vote pela sua região, estado e Brasil, valorize seu voto. Não vote pensando em si, mas para uma nação, pense que todos que lutam e sonham por um país melhor dependem da responsabilidade do seu voto. Paz e bem e boa votação!
Me. Pe. Aparecido Barbosa
Pastoral Diocesana de Fé e Política